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Título Original:
O Xangô de Baker Street.
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ISBN: 85-7164-482-9
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Autor: Jô
Soares.
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Número de Páginas:
349 páginas.
- Publicação: Companhia das Letras.
- Ano: 1995.
Resenha:
O Estudo em Vermelho |
O
clima enevoado e sombrio de Londres proporciona o ambiente perfeito para as
aventuras do mestre das deduções, mas será que uma mudança de ares afetaria as
habilidades do herói britânico? A resposta pra essa questão está em “O Xangô de
Baker Street”, obra do escritor Jô Soares, também autor de “Assassinatos na
Academia Brasileira de Letras”, “O Homem que Matou Getúlio Vargas” e “As
Esganadas”.
Os
livros do apresentador global possuem uma receita bem simples. Seus
protagonistas chegam a guardar semelhanças de um título para o outro, mesmo que
os enredos em nada coincidam. As obras não levam o leitor a uma reflexão
profunda, no entanto, tal fator não diminui a qualidade do entretenimento por
elas proporcionado. Cheia de referências acerca de figuras e acontecimentos
históricos, a leitura destes ocorre de forma divertida, fluida e rápida.
Conan Doyle |
Atormentado
pela falta de eficiência dos investigadores brasileiros e aceitando a sugestão
da atriz francesa Sarah Bernhardt, o imperador manda chamar, diretamente do
Reino Unido, o famoso Sherlock Holmes. O detetive inglês fica bastante surpreso
com o telegrama do monarca brasileiro e, juntamente com um relutante Watson,
parte para os trópicos buscando mais um mistério para desvendar.
Neste
momento podemos notar que Jô Soares desconstrói, em parte, a criação de Doyle.
Em “O Xangô”, o poder de dedução de Holmes é precário, o que parece não ser
notado com freqüência pelos outros personagens. Mesmo sua habilidade com disfarces
apresenta-se de forma atrapalhada e pouco eficiente. No entanto, Sherlock
continua a ser um exímio musicista, além de, constantemente, tropeçar em pistas
essenciais. Já em terras brasileiras, o detetive concorda em atuar, a pedido do
delegado Mello Pimenta, como consultor na caça ao assassino.
Capa da 7ª edição |
A
obra, além de mistérios, está repleta de situações cômicas. Um desses momentos
conta como Watson criou a Caipirinha, misturando cachaça, limão e açúcar. O bom
doutor também incorpora uma entidade em um terreiro de candomblé, a qual tenta
seduzir seu companheiro de aventuras e só deixa o corpo do inglês ao tomar um
banho de sangue de galinha. Uma terceira situação, também divertida, se dá
quando o detetive prova pela primeira vez a cannabis,
o cigarro de índio, oferecido pela mulata Anna Candelária.
É com
relação a essa personagem que se desenrola o romance da obra. É a atriz mestiça
que conquista o coração do inglês. Perdidamente apaixonado, Sherlock considera
nunca mais voltar à Inglaterra, para passar o resto de seus dias ao lado de
Anna. Contudo, os acontecimentos ao longo do livro, impedem que esse romance se
concretize, voltando o nosso herói para Londres “com sua inexpugnável castidade”.
Imperador Dom Pedro II |
Por
fim, deve-se dizer que o livro peca por ser muito curto. No momento em que o
enredo está prestes a dar uma virada, o ritmo da narrativa é acelerado,
terminando abruptamente. As justificativas do autor parecem forçadas e sem
nexo, o que não aconteceria se a obra se estendesse por mais algumas páginas.
Mesmo
assim, “O Xangô de Baker Street” cumpre o que promete, entretendo o leitor e levando-o a boas risadas.
O
Autor:
Jô Soares |
Autor de romances como "O Astronauta Sem Regime", "Humor nos Tempos de Collor" e "A Copa que Ninguém Viu e a Que Não Queremos Lembrar", Jô Soares aspira uma cadeira na ABL.
Extras:
O "Xangô de Baker Street" ganhou uma versão para o cinema no ano de 2001. O longa metragem conta com português Joaquim de Almeida (A Balada do Pistoleiro) no papel de Sherlock Holmes, Maria Medeiros (Pulp Fiction), como Sara Bernhardt e Anthony O'Donnel (Match Point) representado o Doutor Watson.
Por Lucas Emanuel
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